13 de mai. de 2013

APAGÃO NO TRANSPORTE PAULISTA



Por José Dirceu
Nenhuma explicação, por mais que se pretenda técnica, esconde a incompetência e a ineficiência dos governos tucanos depois de 20 anos no poder. Os dados mostram que eles não são capazes de sanar os acidentes do metrô e da CPTM...


A falta de competência na gestão do transporte público do governo tucano paulista é tamanha que nem mesmo a mídia tradicional, sempre disposta a abafar os inúmeros problemas da administração de Geraldo Alckmin, consegue se calar. O apagão nos transportes urbanos de massa é tão patente que seria inútil negar.
Na última semana, o jornal Folha de S.Paulo divulgou levantamento indicando que o número de panes no metrô paulistano cresceu 30% em um ano, na comparação entre 2012 e 2011, confirmando aquilo que os cidadãos que utilizam o meio de transporte vivenciam praticamente todos os dias.
Segundo os dados do jornal, no ano retrasado, ocorreram 2,6 ocorrências que paralisaram o sistema por mais de cinco minutos, a cada milhão de quilômetros percorridos. Já no ano passado, o índice foi de 3,3 ocorrências. Em números absolutos, foram 66 registros de pane contra 51 do ano retrasado. Em 2010, o número era ainda menor: 28.
A situação caótica seria demonstrada de forma ainda mais contundente se o levantamento tivesse incluído os dados das panes semanais, muitas vezes mais de uma por semana, da Linha 4-Amarela e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que serve não só à capital, mas a toda Região Metropolitana.
O governo paulista tenta justificar, por meio de explicações fornecidas pelo diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti, o injustificável. São 20 anos à frente do Estado de São Paulo, e tudo que os tucanos têm a dizer é que a rede cresceu, que aumentou o número de viagens fora dos horários de pico e que o metrô passou por uma modernização? Ora, mas tudo isso não era previsível e esperado? Onde está o planejamento? E a modernização não deveria servir exatamente para melhorar os serviços? Como pode ser usada como desculpa pelas panes diárias que atingem milhares de pessoas?
A verdade é que nenhuma explicação, por mais que se pretenda técnica — e não é, já que o que se vê é total falta de planejamento— esconde a incompetência e a ineficiência dos governos tucanos depois de 20 anos no poder. Os dados mostram que eles não são capazes de sanar os acidentes do metrô e da CPTM. Para variar, tergiversam e fogem do problema, sem apontar de forma convincente e com objetividade técnica as causas e responsáveis por esse descalabro.
E como se já não bastasse a inoperância, ainda por cima culpam os usuários pelas panes. Na semana passada, depois de mais uma ocorrência na linha vermelha do metrô, quando trens ficaram parados entre estações e o sistema de ar condicionado parou de funcionar, o diretor do sistema criticou a atitude de usuários que passavam mal e saíram da composição seguindo pela lateral dos trilhos, dizendo que isso ocasionou maior demora para normalização das operações.
Tudo o que têm a oferecer são desculpas deslavadas que não escondem a falta de investimentos na expansão do sistema, na interligação dos modais, em manutenção e na solução dos recorrentes problemas nas operações. Embora técnicos, especialistas e os próprios funcionários dos sistemas CPTM e metrô venham alertando sobre a gravidade da situação, os sucessivos governos tucanos do Estado fazem ouvidos moucos.
Se o plano de Alckmin era investir pesado em transportes neste ano, conforme afirmado pela imprensa, para que os resultados servissem de vitrine à defesa de sua eventual reeleição em 2014, já está bastante atrasado. As obras anunciadas com estardalhaço ninguém vê. Em compensação, o total descaso do governador com o transporte público e com a população está escancarado. Assim, nesse ritmo, haja cumplicidade da mídia e descompromisso para o governador pedir o voto do eleitor em 2014.
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